Fisicamente era de uma grande estatura, mas muito inferior à
grandeza da sua alma, numa forte nobreza de caráter, probo, onde a sua
magnanimidade se impunha como visionário em prol da sua Covilhã.
De horizontes largos, bem depressa integrou um grupo de
dinâmicos e corajosos covilhanenses, em redor do grupo de trabalho para o
Planeamento Regional da Cova da Beira, no qual viria a emergir o ensino
superior na Covilhã, através da fundação do Instituto Politécnico, em 11 de
agosto de 1973, com a entrada dos primeiros alunos dos cursos de Engenharia
Têxtil e Administração e Contabilidade, no quadro da então chamada “Reforma
Veiga Simão”. Esses primeiros 143 alunos foram recebidos em 1975.
Volvida meia dúzia de anos, surgia assim, em julho de 1979,
a conversão do Instituo Politécnico em Instituto Universitário da Beira
Interior (Lei 44/79, de 11 de setembro); e, em 30 de abril de 1986, o Instituto
Universitário passa à atual Universidade da Beira Interior.
Mas voltando a esta insigne figura, de seu nome completo,
Duarte de Almeida Cordeiro Simões, nasceu na Covilhã em 28 de fevereiro de 1927.
Com 11 anos ingressou no Colégio Militar onde estudou até ao 7.º ano (atual
12º). Não sendo seduzido pela carreira militar, optou por se matricular, no ano
de 1945, no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, no qual
completou 4 licenciaturas (Administração Comercial, Finanças, Aduaneiras e
Diplomacia).
Iniciou a sua atividade docente na Escola Industrial e
Comercial Campos Melo da Covilhã, como professor provisório, nos anos
1952/1955, seguindo depois para a Escola Comercial Veiga Beirão, em Lisboa, nos
anos 1955/1956. Viria a interromper a sua atividade docente, durante seis anos,
passando a exercer as funções de Gestor em várias empresas privadas, quando, em
1962, regressa ao ensino, passando por Caldas da Rainha, Lisboa e, finalmente,
fixando-se na sua Terra natal – a Covilhã. É assim que, de 1965 a 1974 vem a
acumular as funções docentes com as de gestor público e secretário-geral do
grupo de trabalho para o Planeamento Regional da Cova da Beira.
E concretiza-se o seu grande sonho, num pensamento há
muito gerado na sua mente. A criação em 1974 dos Institutos Politécnicos em
Portugal foi a ocasião chegada, a grande oportunidade. O Instituto Politécnico
da Covilhã abriu uma nova etapa da história do ensino. O Dr. Duarte Simões vem
a ser o seu primeiro diretor. Vem a dedicar-se com todo o empenho à grande
tarefa de transformar a que fora, em tempos, a “Real Fábrica de Panos” numa
grande catedral do ensino, contribuindo assim para o ressurgir daquela que fora
a cidade lã – cidade fábrica, na cidade da cultura.
Só que, muito cedo, esta notável figura covilhanense
deixou o mundo dos vivos, no malogrado dia 8 de agosto de 1979.
Tendo o diretor da Escola Industrial e Comercial Campos
Melo da Covilhã, Eng.º Ernesto de Melo e Castro, atingido a reforma, coube ao
Dr. Duarte Simões tomar interinamente a direção da mesma, de 1966 a 1967.
Verificaram-se imediatamente alterações: cursos têxteis de formação equiparados
em igualdade e equivalência aos cursos gerais de Comércio. Pediu autorização
para funcionarem as secções preparatórias aos institutos. Conseguiu a criação
do curso de Habilitação Complementar para os Institutos, a funcionar em regime
de experiência piloto, por ordem do Ministro da Educação Nacional, Veiga Simão,
no sentido de preparar a entrada dos alunos nos institutos universitários a
criar por aquele membro do Governo.
Em 1972 foi nomeado como correspondente do Fundo de
Fomento de Exportação, cessando as suas funções em junho de 1974 e, bem assim,
as de diretor interino dos Serviços Municipalizados da Covilhã.
Podemos mesmo dizer que foi o Dr. Duarte Simões o
principal dinamizador e homem-chave das comemorações do Centenário da Cidade da
Covilhã, da realização das Feiras de Atividades Económicas, do Parque
Industrial, e da Cooperativa dos Fruticultores, entre outras suas iniciativas. Foi
ainda o responsável por relatórios visando a criação do Ensino Pós-Secundário
na Covilhã, em colaboração, reorganização e reconversão da indústria de
lanifícios; relatório de proposta para planeamento da Cova da Beira; sobre os
Serviços Municipalizados, e Serra da Estrela – Desenvolvimento Turístico.
Por despacho do Ministro da Educação e Cultura de 18 de
setembro de 1974 foi nomeado para a Comissão Instaladora do Instituto
Politécnico da Covilhã, lugar criado pelo Decreto-Lei n.º 402/73, de agosto
passado. Em 10 de setembro do mesmo ano foi nomeado Presidente daquela que
viria a ser a Universidade da Beira Interior.
Na Escola Industrial foi professor de Contabilidade e
Cálculo Comercial. Ainda chegou a ser meu professor de Contabilidade, embora
por pouco tempo.
Foi autor das seguintes obras: Planeamento Regional,
Poesia – Esperança e Ânimo, Serra da Estrela (Bases para programação do seu
desenvolvimento turístico – 1975).
Casou com a Dr.ª Maria Ascensão Albuquerque Amaral de
Figueiredo Simões, também ela dedicada à Escola Campos Melo, e à Covilhã, tendo
sido a Presidente do Conselho Diretivo aquando das Comemorações do Centenário
da Escola Campos Melo.
Com o desaparecimento do Dr. Duarte Simões, a cidade e
região ficaram mais pobres. A Covilhã admirava-o pelo seu dinamismo, o seu
espírito empreendedor e lutador por tudo quanto representava o progresso da
região.
A edilidade covilhanense deliberou dar o seu nome a uma
das ruas da cidade e homenageá-lo, a título póstumo, com a medalha de ouro da
cidade.
(In "Notícias da Covilhã", de 17.09.2015)
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