8 de dezembro de 2018

MEMÓRIAS DA EXTINTA “ERNESTO CRUZ” NUM ALMOÇO DE CONFRATERNIZAÇÃO








Esta é já a terceira vez que os antigos patrões da Ernesto Cruz quiseram confraternizar com os seus antigos trabalhadores, colaboradores com quem se irmanaram na recordação de muitos anos de trabalho em comum.
Recorde-se que a extinta empresa remontou a sua fundação a agosto de 1939 e a constituição de Ernesto Cruz & Cª surgiu em 1947. Foi iniciada pelos sócios Ernesto Cruz, António da Cunha Taborda, Fernando Lopes da Costa Alçada e Aníbal Mousaco Alçada. Teve então uma fase de desenvolvimento em grande ritmo, com cerca de 650 operários que se revezavam por turnos, passando para 614 em abril de 1974, altura em que já vinha a atravessar um período difícil, apesar de haver um excelente ambiente de trabalho. Houve então a necessidade de em 23 de outubro de 1974 ser pedida a intervenção estatal pela entidade patronal e pela Comissão de Trabalhadores, tendo esta chegado a realçar o facto de a empresa ser caso único no país onde a entidade patronal “não faz boicotes nem chantagens, antes pelo contrário, mostra-se aberta ao espírito de iniciativa dos trabalhadores”. Isto não evitou que o grupo de empresas Ernesto Cruz & Cª., Lda não acabasse por encerrar em 1990.
Em 6 de agosto de 1972 eram sócios: Fernando Lopes da Costa Alçada, Júlio Henrique Casaleiro Torres Cruz, Carlos Alberto Casaleiro Torres Cruz, Ernesto Henrique Casaleiro Torres Cruz, Maria Leonor Casaleiro Torres Cruz e Silva, José dos Santos Taborda, Francisco Manuel Pinheiro Alçada, João Carlos Pinheiro Alçada e Maria Leonor de Albergaria Pinheiro Alçada de Sousa Byrne.
O grande Homem desta empresa, e seu fundador, Ernesto Cruz, foi um visionário da indústria e grande vulto do principal clube da região – o Sporting da Covilhã (SCC) – onde foi presidente da Direção e levou, pela primeira vez, o clube à então Primeira Divisão Nacional, que nascera em 11 de novembro de 1906, e viria a falecer com 62 anos, em 6 de outubro de 1969, quando muito ainda se esperava desta grande figura covilhanense.
Entretanto, as instalações da empresa foram adquiridas pela UBI – Universidade da Beira Interior, onde se situa o Pólo das Ciências Sociais e Humanas, passando, muito justamente, a ser designado, em sua homenagem, Pólo Ernesto Cruz.
Por tudo isto, os sócios presentes neste almoço de confraternização, realizado num restaurante da cidade, no dia 16 de novembro, Carlos Alberto Casaleiro Torres Cruz (filho de Ernesto Cruz e atualmente o sócio n.º 1 do SCC) e Francisco Manuel Pinheiro Alçada, recolheram de todos bons momentos, sentindo-se “todos unidos num passado vivido com o mesmo objetivo, levarmos a empresa criada essencialmente por meu Pai a bom porto”, nas palavras do ex-sócio Carlos Cruz.
Neste almoço estiveram 62 participantes, onde se incluíam 15 familiares, ficando desde já decidido dar-lhe continuação no próximo ano.
É um exemplo para que outras extintas empresas possam relacionar laços de amizade no encontro de velhas memórias profissionais.


(In "Notícias da Covilhã" e "Jornal do Fundão", de 22/11/2018)

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