Esta é já a terceira vez que os
antigos patrões da Ernesto Cruz quiseram confraternizar com os seus antigos
trabalhadores, colaboradores com quem se irmanaram na recordação de muitos anos
de trabalho em comum.
Recorde-se que a extinta empresa remontou
a sua fundação a agosto de 1939 e a constituição de Ernesto Cruz & Cª
surgiu em 1947. Foi iniciada pelos sócios Ernesto Cruz, António da Cunha
Taborda, Fernando Lopes da Costa Alçada e Aníbal Mousaco Alçada. Teve então uma
fase de desenvolvimento em grande ritmo, com cerca de 650 operários que se
revezavam por turnos, passando para 614 em abril de 1974, altura em que já vinha
a atravessar um período difícil, apesar de haver um excelente ambiente de
trabalho. Houve então a necessidade de em 23 de outubro de 1974 ser pedida a
intervenção estatal pela entidade patronal e pela Comissão de Trabalhadores,
tendo esta chegado a realçar o facto de a empresa ser caso único no país onde a
entidade patronal “não faz boicotes nem chantagens, antes pelo contrário,
mostra-se aberta ao espírito de iniciativa dos trabalhadores”. Isto não evitou
que o grupo de empresas Ernesto Cruz & Cª., Lda não acabasse por encerrar
em 1990.
Em 6 de agosto de 1972 eram sócios:
Fernando Lopes da Costa Alçada, Júlio Henrique Casaleiro Torres Cruz, Carlos
Alberto Casaleiro Torres Cruz, Ernesto Henrique Casaleiro Torres Cruz, Maria
Leonor Casaleiro Torres Cruz e Silva, José dos Santos Taborda, Francisco Manuel
Pinheiro Alçada, João Carlos Pinheiro Alçada e Maria Leonor de Albergaria
Pinheiro Alçada de Sousa Byrne.
O grande Homem desta empresa, e
seu fundador, Ernesto Cruz, foi um visionário da indústria e grande vulto do
principal clube da região – o Sporting da Covilhã (SCC) – onde foi presidente
da Direção e levou, pela primeira vez, o clube à então Primeira Divisão
Nacional, que nascera em 11 de novembro de 1906, e viria a falecer com 62 anos,
em 6 de outubro de 1969, quando muito ainda se esperava desta grande figura
covilhanense.
Entretanto, as instalações da
empresa foram adquiridas pela UBI – Universidade da Beira Interior, onde se
situa o Pólo das Ciências Sociais e Humanas, passando, muito justamente, a ser
designado, em sua homenagem, Pólo Ernesto Cruz.
Por tudo isto, os sócios
presentes neste almoço de confraternização, realizado num restaurante da
cidade, no dia 16 de novembro, Carlos Alberto Casaleiro Torres Cruz (filho de
Ernesto Cruz e atualmente o sócio n.º 1 do SCC) e Francisco Manuel Pinheiro
Alçada, recolheram de todos bons momentos, sentindo-se “todos unidos num
passado vivido com o mesmo objetivo, levarmos a empresa criada essencialmente
por meu Pai a bom porto”, nas palavras do ex-sócio Carlos Cruz.
Neste almoço estiveram 62
participantes, onde se incluíam 15 familiares, ficando desde já decidido
dar-lhe continuação no próximo ano.
É um exemplo para que outras
extintas empresas possam relacionar laços de amizade no encontro de velhas
memórias profissionais.
(In "Notícias da Covilhã" e "Jornal do Fundão", de 22/11/2018)
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