Neste caminhar para o final do
18.º ano do século XXI da Era de Cristo, muitas coisas vêm acontecendo não só
no retângulo mais ocidental da Europa como também neste mesmo Velho Continente.
Começando pelo nosso país, as
greves não param. Há 47 pré-avisos até final do ano, sendo que 11 setores da
função pública estão em greve com essa intenção de continuidade. Não haverá um
único dia sem paralisações, refere a comunicação social.
Neste mês de dezembro o setor da
saúde é o mais afetado, com os enfermeiros que iniciaram a greve em 22 de
novembro e já ameaçaram a continuidade em janeiro, com milhares de cirurgias
adiadas, apesar do apelo ao bom senso por vários responsáveis do país, entre os
quais o Presidente da República. A Ordem dos Enfermeiros tem vindo a
descredibilizar-se publicamente, suscitando uma compreensível repulsa da
sociedade portuguesa. O seu Movimento Greve Cirúrgica – que esteve na base da
greve, lançou um fundo aberto ao público que recolheu mais de 360 mil euros
para compensar os colegas que aderiram à paralisação. E já criou uma nova
plataforma pública de recolha de fundos para a designada “greve cirúrgica 2”,
desta vez para recolher até 14 de janeiro, 400 mil euros num “fundo solidário”
com vista a ajudar os profissionais que aderirem e ficarem sem salário durante
o período de protesto, tendo já recolhido 6100 euros em quatro horas, segundo a
comunicação social. Que triste notícia, se não for peta, dum setor que se diz
estar ao lado dos doentes quando se borrifam para os mesmos. E lamentável é
ainda quem lhes dá apoio nas ajudas pecuniárias. Isto é pessoal que não passou
pelas ventas do salazarismo, onde muitos comiam o pão que o diabo amassou, e
que não era o das visões dos diabos em cada esquina que Passos Coelho pressagiara.
Mas certamente ele aí está “encarnado” nalguns agitadores sobejamente
conhecidos.
É que ainda há memórias curtas
dos tempos da troika em que muitos andavam
caladinhos e, agora, nada receiam, há dinheiro a jorros para satisfazer de
imediato todas as reivindicações. Até atividades profissionais como a dos
juízes fazem greves, quando tanto estas como a proteção civil, bombeiros,
polícias, militares e outras análogas, deveriam ser proibidas.
Reivindique-se, sim, através de
armas como o voto maciço, os melhoramentos nas zonas onde a demografia é cada
vez mais fragilizada como o nosso Interior Beirão, e procure-se que os muitos
ladrões de Portugal sejam condenados e não saiam para fora das grades enquanto
não ressarcirem o país dos valores com que se locupletaram.
Com estas condutas irresponsáveis
de muitos, não olhando a meios para atingir os seus fins, estão a preparar um
lindo Portugal, não fazendo nada de diferente para proporcionar uma sociedade
de bem-estar aos cidadãos, neste Portugal dos nossos netos.
No dia 10 deste mês de dezembro
comemoraram-se os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos que
defende valores universais ainda por realizar em vários países. O antigo
Presidente da República, Jorge Sampaio, defendeu que “a celebração deste 70º
aniversário deveria ser uma ocasião para lançar um alerta vermelho”.
A outra parte da agitação deste
final de ano já é de todos conhecida, desde os “coletes amarelos”, que têm
saído à rua todos os sábados desde 17 de novembro, em Paris, com o presidente
Macron em verdadeiros apuros para conter a fúria dos manifestantes
reivindicadores; até Theresa May com o seu problema do Brexit, aquela
primeira-ministra que se diz ter sete vidas mas com o seu “Brexit” na incubadora.
Este não é mais do que, finalmente, o divórcio esperado e ansiado pelo Reino
Unido e a União Europeia, e, assim, vão as crises desta mesma União Europeia.
Já os “coletes amarelos” exprimem
a revolta da classe média empobrecida, da França periférica, que já não
acredita na via eleitoral. Macron não é De Gaulle e não estamos em 1968, pois
dizia um dos “coletes amarelos” nos primeiros dias de protestos que as “elites
francesas se preocupam muito com o fim do mundo, mas o povo está preocupado é
com o fim do mês”.
Termino esta crónica deste ano de
2018, citando a parte final da crónica de Vicente Jorge Silva, in Público de 9 de dezembro, sob o
título “Lições europeias do terramoto francês: É por isso que o terramoto
francês suscita tantos motivos de alerta e reflexão a uma Europa já em
depressão profunda. Quem escapa agora ao contágio do que acontece em França?
Quando se perde o controlo dos acontecimentos e não se sabe como recuperá-lo, o
pior é, infelizmente, sempre possível. Eis também uma lição para nós,
portugueses, nestes tempos de greves e reivindicações em cadeia”.
Um Santo Natal e um Feliz Ano
2019.
(In "Notícias da Covilhã", de 20-12-2018)
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