Os Covilhanenses, de raiz ou de coração, e as gentes beirãs, dispersas
por este recanto à beira-mar plantado, folgaram no domingo, 29 de maio, ao verem
o seu Clube mais representativo de toda a região – o Sporting Clube da Covilhã
(SCC) – a manter-se na II Liga portuguesa de futebol, ao vencer o Alverca, no
Santos Pinto, por 2-0.
O destino a que as gentes da nossa gente já não estavam habituadas,
levar-nos-ia neste final da época 2021/2022, a disputar o “play-off” de acesso
ao segundo escalão, e esta foi a segunda mão, quando na primeira haviam
conseguido um empate a zero bolas.
Depois de várias épocas consecutivas (quinze) num esforço, por vezes
hercúleo, dos seus dirigentes, sob a batuta de José Mendes, a manterem uma
linha de conduta desportiva mais com altos do que com baixos, sempre na II
Liga, surgiria nesta época como que uma ventania de muitas pedras desacertadas,
ou tropeçando nelas, que levaram a uma posição ingrata como a população já não
estava habituada. Foi esta população que
num sopro indómito mais não pensou que apoiar vivamente a equipa dos Leões da
Serra, logo que se apercebeu da gravidade em que o barco em que navegava se
encontrava prestes a meter água, e levou neste dia a tornar repleto o Estádio
José dos Santos Pinto, na beleza da nossa Serra, numa enorme vontade de apoiar
o Clube não o deixando fazer marcha atrás.
E, felizmente, assim aconteceu com o míster Leonel Pontes a direcionar o
rumo da vitória, bem conseguida por via dos valorosos Filipe Dini, logo no
primeiro minuto de jogo, e depois Rui Gomes. Começava assim o representante da
Liga 3 a ver a sua vida muito difícil.
Longe vão os tempos, lá para as bandas do século passado, nas décadas de
50 e 60, em que a Covilhã para além dos lanifícios como mono indústria, mais
não tinha de grande evidência que não fosse o futebol da I Divisão Nacional, e
então era ver, para além de comboios especiais, centenas de autocarros vindos
de vários pontos do País apoiar os seus clubes e ver jogar as vedetas do SCC,
aquando das deslocações do Benfica, Sporting, FC Porto e Belenenses (aquele que
agora está também nos aflitos quase desaparecido).
As tabernas, os restaurantes e até pensões e hotéis registavam um volume
interessante de negócios por força dos forasteiros, e não só.
As gentes serranas e mormente todos quantos vivem o clube da sua Terra,
ou da sua afeição, pressentiram neste frustrar de final de campeonato como que uma
pandemia desportiva que caíra nas hostes serranas. Para além do sentir nas
condutas lamentáveis de responsáveis (arbitragens incluídas) dos que na pauta
classificativa já se começava a desenhar a perigosidade dos maus resultados, e
embora a equipa serrana viesse a fazer das tripas coração, parecia que o mal
com que estavam fadados continuava a existir.
Ouvi chamadas de atenção para este imbróglio e o grito de Ipiranga em
várias gentes, nos semanários regionais, na Casa da Covilhã em Lisboa. Havia
que apoiar mais intensamente o Sporting Clube da Covilhã.
E assim sucedeu! Temos a equipa serrana a manter-se afincadamente na II
Liga do futebol português.
Dá pena ver equipas que durante anos emparceiraram com o SCC e hoje
encontram-se em grandes dificuldades de manutenção nos lugares honrosos em que
deviam estar, nomeadamente o Belenenses, Olhanense, Barreirense, Vitória de
Setúbal, e tantos outros por este Portugal fora.
João de Jesus Nunes
(In “Notícias da
Covilhã” digital de 02-06-2022)
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