5 de abril de 2024

VAMOS COMEMORAR O INEQUIVOCÁVEL DIA DA LIBERDADE

 


Esta é uma efeméride memorável para os portugueses, causa que corresponde a meio século de democracia.

Só quem passou pelos negros tempos da ditadura, sabe avaliar o quão importante é esta data.

Foram longos períodos de sofrimento, anos, que muitos dos que hoje se aproveitam dos momentos que correm de liberdade, esta que eles jamais souberam apreciar, comparativamente com guerras fratricidas entre portugueses, sem distinguir cores, não sabem, ou não querem saber do que falam da intimidade daqueles tempos vividos na miséria em vários quadrantes.

Há dois anos, mais precisamente no dia 23 de março de 2022, foi o dia em que o tempo vivido em democracia se equiparou ao tempo em que os portugueses viveram em ditadura, ou seja: 17.499 dias. Penso já ter falado deste assunto.

Naquela data, a jornalista do Público, Leonete Botelho, titulava o seu artigo: “50 anos do 25 de Abril: uma cápsula do tempo que se fecha e outra que se abre”. “Hoje é o dia em que vivemos tanto tempo de democracia como Portugal viveu em ditadura durante o Estado Novo. E o dia em que começam as comemorações oficiais dos 50 anos da Revolução do Cravos, com um programa em construção e os olhos postos no futuro”.

Os 60 anos da crise académica de 1962, quando o Estado Novo proibiu as Comemorações do Dia do Estudante, comemoraram-se também há dois anos, no dia 24 de março. Aquele que chegara a ser um dos Presidentes da República em Portugal, em democracia, Jorge Sampaio, que já não se encontra entre nós, e fora então líder estudantil à data, afirmara: “o 25 de abril começou a 24 de março”. Foi por isso que nesta data (24 de março de 2022) arrancaram as comemorações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril e “será fechada uma cápsula do tempo com memórias de hoje, que só deverá ser aberta a 25 de abril de 2074, no centenário da Revolução dos Cravos. Mas se uma cápsula se fecha, outra se abre, a das memórias”.

Foi em 2022 que houve a oportunidade de se comemorar uma caterva  de eventos gerados em tempos da ditadura: os 50 anos da publicação de Novas Cartas Portuguesas, das “três Marias”, assim como do Portugal Amordaçado, de Mário Soares, e ainda Dinossauro Excelentíssimo, de José Cardoso Pires. Mas foi também o cinquentenário da Vigília da Capela do Rato e do massacre de Wiriamo, no qual tropas portuguesas, a mando do Estado português, mataram pelo menos 385 pessoas daquela aldeia moçambicana.

No dia 3 de abril de 2024, uns dias antes do grande acontecimento em que Salgueiro Maia – o capitão que comandou a coluna de blindados que desceu de Santarém para vir cercar os ministérios no Terreiro do Paço, que fez o ultimato a Marcelo Caetano e o levou à rendição perante o general Spínola, e depois escoltou o então presidente do Conselho até ao aeroporto de onde partiu para o exílio, tudo sem disparar um tiro, tendo assim  o seu forte contributo para acabar com a ditadura em Portugal, passarão 32 anos da sua morte.

Esperemos que estas Comemorações, com os programas há muito delineados, sejam revestidas não só do brilhantismo que merecem mas principalmente de verdadeiros momentos de patriotismo, agora que já se realizaram as novas eleições antecipadas para a Assembleia da República, em que vai haver momentos nada fáceis para levar o navio a navegar por águas tranquilas. Mas, entre ventos e marés, tenhamos fé.

 

João de Jesus Nunes

jjnunes6200@gmail.com

  • (In “O Olhanense”, de 01-04-2024)

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