É indubitável que o desporto é uma das formas de passar,
duma forma salutar, algum tempo das nossas vidas. Na ênfase dos anseios pelos êxitos
dos nossos clubes de afeição, nestes tempos difíceis, somos abalados com crises
e políticas nefastas dos nossos governantes. São essas formas de conduzir a
governação que têm levado a uma degradação do sustentáculo de bem-estar na
sociedade em que nos encontramos inseridos – o trabalho.
Enquanto caminhamos por essas estradas, caminhos, complexos
desportivos, e campos fora, numa de manter a boa forma física e o sistema
cardíaco e muscular, e, como atrás referi, no entusiasmo pelos clubes da nossa
predileção, quer seja no acompanhamento dos filhos ou netos nas competições desportivas
onde se integram, quer seja no “ir aos futebol” ver os seniores, descarregamos,
no horizonte do relvado sob céu azul, alguns problemas do dia-a-dia, das
jornadas de cada um, e, no paradoxo o carregamento de baterias para o resto dos
dias/semanas, como sói dizer-se.
Neste espírito de “mens
sana in corpore sano”, vamos memorizando factos, mas também figuras, muitas
das quais acompanhámos durante a nossa juventude; outras com elas vibrámos nos
lances, dribles, golos, gritos de Ipiranga em situações nevrálgicas mas que,
num ápice, surgiu o golo salvador de safar a época.
Muitos são agora objeto de uma nostalgia de bons velhos
tempos de outrora, quase idolatrados, mas, pelo menos, memorizados, se não
quando amiudadas vezes objeto de amizades proporcionadoras das suas memórias
com encontros apelativos às recordações desses tempos.
E, depois, são também as famílias que acabam por se juntar
ao coro de amizades, naquela de que “recordar é viver”.
É neste contexto que trago o primeiro remate de recordações
dos que ainda se encontram no mundo dos vivos, velhas glórias do grande
embaixador da cidade laneira, hoje universitária – o Sporting Clube da Covilhã (SCC)
–, para quem vai já um gesto de parabéns, e as maiores felicidades por
conseguirem a manutenção na II Liga do futebol português.
Saliento tão só os homens que integraram as equipas da
divisão maior do futebol em Portugal, no clube serrano, então designada por I
divisão, em duas fases distintas. O grande período que foi das épocas de
1948/49 a 1961/62, com um interregno em 1957/58, e o período mais recente e
último, que integrou as épocas de 1985/86 e 1987/88.
Muitos dos antigos atletas e treinadores, com quem privei
pessoal ou indiretamente, já desapareceram do mundo dos vivos.
Vestiram a camisola do SCC, no período compreendido entre
as épocas 1948/49 e 1961/62, entre os maiores do futebol português, 27 atletas,
que participaram em jogos oficiais do Campeonato Nacional. Não estão aqui
considerados os suplentes que nunca integraram jogos oficiais, assim como não
está considerada a sua participação nas várias fases da Taça de Portugal. Por
aqui se pode ver o tempo que permaneciam ao serviço das cores serranas, em
relação aos tempos atuais.
Já durante o período que integrou as duas épocas
correspondentes a 1985/86 e 1987/88, vestiram a camisola do SCC, durante a I
Divisão, 45 atletas.
Dos tempos áureos da I Divisão, compreendidos no primeiro
escalão a que acima me reporto, encontram-se ainda vivos, felizmente, se bem que
alguns deles bastante doentes e incapacitados: Adventino Gorgulho Pedro
(Algarve), Albertino (guarda-redes, Costa da Caparica), Amílcar Cavem
(Coimbra), Amílcar Gonçalves (Gouveia), António Jorge Porcel (estrangeiro),
António Lourenço (Lisboa), Fernando Cabrita (internado num lar em Caneças),
Fernando Pires (Covilhã), João Lanzinha (Covilhã), João Tomé (Setúbal), Jorge
Nicolau (Covilhã), José Romeiro “Coureles” (Lisboa), Palmeiro Antunes (Lisboa),
e Vitoriano Suarez (S. Paulo/Brasil).
Desconheço as situações e paradeiro de Pérides, Patiño e
Chacho.
Ainda durante o primeiro período em análise, foi Pedro
Martin Sanz que realizou mais jogos ao serviço dos Leões da Serra, num total de
194. Seguiram-se-lhe: Helder Toledo, 170; Amilcar Cavém, 148; Bento Couceiro,
142; e José Rita, 130, quase todos falecidos, exceto Amilcar Cavém.
Já no segundo período em análise, foi Germano que mais
vezes vestiu a camisola serrana, num total de 55; seguiram-se-lhe: João Sousa
“Joanito”, 46; António José Real, 41; Gouveia, 37; e Celso Maciel, 35.
Quanto a melhores marcadores, para o primeiro período de
análise (1948/49 a 1961/62), o 1º foi André Simonyi, com 74 golos ao serviço do
SCC; 2.º Vitoriano Suarez, 66; 3.º Manuel Livramento, 53; 4.º João Tomé, 41;
5.º Carlos Ferreira, 32 golos marcados.
Já no segundo período de análise (1985/86 e 1987/88), o
1.º foi Celso Maciel, com 10 golos; 2.º Jacques, com 7; 3.º Artur Semedo, 5;
4.º Paulo Roberto, 4; 5.º Biri, 4.
João Tomé completou 90 anos do passado dia 3 de maio e,
por intermédio de seu filho Fernando Tomé, que jogou no Vitória de Setúbal e no
Sporting Clube de Portugal, demonstrou muito carinho pelo SCC e pelas pessoas
que ainda o contactam colocando uma foto com a camisola do SCC no facebook.
Fernando Pires, meu vizinho, que foi o autor do golo do SCC
na final para a Taça de Portugal com o Benfica, na época 1956/1957 é outra das
velhas glórias do SCC que ainda passeia pelas ruas da cidade, assim como João
Lanzinha.
J.J.Nunes
(In "O Combatente da Estrela", n.º 95, de Janeiro a Maio de 2014)
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