28 de maio de 2014

COMO ALGUNS RESSUSCITARAM

Por todo o planeta vamos encontrando relatos de acontecimentos algo estranhos. Para os dias que correm, quase não é surpresa. Noutros tempos, pelas bandas de cá, se não era conveniente a notícia, abafava-se.
Há algum tempo o Daily Mail informava que um homem do Mississippi, nos Estados Unidos, foi dado como morto e já estava na morgue, quando se descobriu que ainda respirava. Já se encontrava dentro de um saco, na morgue, quando os funcionários o viram a mover-se e descobriram que afinal estava vivo. Os médicos acreditaram que o pacemaker lhe parou, tendo voltado a funcionar algumas horas depois. William, o “ressuscitado”, viria a afirmar sentir-se feliz por ainda estar vivo.
Também na China, um bebé declarado morto, escapou da cremação ao chorar. Salvou-se assim de ter sido cremado vivo. O certificado de óbito foi passado e o bebé, do sexo masculino, foi enviado para uma funerária, tendo os funcionários da empresa ouvido a criança a chorar.
São notícias de um horror tremendo mas não pensem que isto só se passou nos outros países e continentes.
Por cá, neste Portugal de outros tempos, como também de hoje, situações se contaram que merecem uma profunda reflexão. A forma como algumas pessoas são consideradas já falecidas, na negligência da sua autenticidade, é arrepiante. Como o caso que conto abaixo. Para além de outros, do conhecimento público, inseridos na comunicação social, objeto de vias judiciais. Também sabemos que, em hospitais e lares de terceira idade, por vezes coisas se passam, de menos atenção com aqueles que, já de tão fragilizados nem se sabem queixar, originando o dormir para um sono eterno. Todavia, existe uma aparente contradição de sorrisos e formas de trato, na frente dos familiares.
O Jorge, anualmente participa comigo na confraternização dum grupo de casais amigos, recordando velhos tempos da meninice e juventude. É um bom amigo. Nos anos sessenta teve um grave acidente automóvel, quando viajava num mini cooper, juntamente com mais quatro colegas militares, a caminho da unidade militar. Ele ia à civil e os seus colegas fardados. A notícia repentina surgia nos jornais (ainda não havia Internet nem as novas tecnologias): “Um grave acidente automóvel, do qual resultou quatro militares gravemente feridos e um civil morto”.
O Jorge (o “civil morto” mas ainda vivo) foi levado para a morgue e a família já se preparava para o luto quando alguém, que ia levantar o “cadáver”, vê cair-lhe o braço do corpo e, na observação imediata, constata que o morto, afinal, estava vivo.
Vamos a outras formas de “ressurreição” dum desaparecido, ainda que seja um palito importante e, por isso, a necessidade dum exército, de polícias, para ver se se encontra o dito cujo, que, pela sua óbvia dificuldade, é como encontrar uma agulha no palheiro…
Manuel Baltazar , o Manuel “Palito” fica nos anais da justiça à portuguesa  por ser como que um Tarzan ou um Robin dos Bosques, conseguindo fugir à Polícia Judiciária e à GNR, depois de ter matado a sogra e uma tia e ferido a ex-mulher e a filha. Resistiu à perseguição destas forças a pé e a cavalo, durante 34 dias.
O que é estranho é que este foragido consegue colocar no ridículo as forças de segurança que, não obstante tantos meios empregues para o “caçar”, e a quantidade de elementos na sua busca, é ele próprio que se dirige a sua casa, onde dormiu e tomou banho, quando se apregoa que a PJ é uma polícia do melhor que há no Mundo e a GNR que ombreou em operações internacionais desde o Iraque a Timor, passando pelo Afeganistão, profissionais treinados para enfrentar sem medo terroristas experimentados. Isto é a força policial do nosso País, agora colocada a ridículo, neste Portugal profundo.

E se a GNR, enquanto andou à procura do palito pelas matas do imenso território de São João da Pesqueira, tivesse também sido incumbida, como os agentes da PSP, em Lisboa, de participarem na preparação para a criação duma mega bandeira nacional para o 10 de junho, de tampinhas recicláveis, então, ainda hoje o ressuscitado Manuel “Palito” podia ir passeando pelos arredores até à sua casa.

(In "Notícias da Covilhã", de 29.05.2014)

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