Pois é, também lá estive!... Neste matar de saudades de
outros tempos – os da então Escola Industrial e Comercial Campos Melo – fábrica
do ensino para muitos obreiros da indústria rainha de então – os lanifícios,
nesta Terra – a minha Covilhã – daquela têmpera forte de Viriato, dos Montes
Hermínios!
Havia lido algures que antigos alunos da Escola Campos Melo,
onde o Engº. Ernesto Manuel Melo e Castro lecionou iam confraternizar com
ele, vindo
do Brasil, num almoço-convívio, ali para as bandas do Teixoso.
Inscritos eram só os alunos dos Cursos Técnico de Tecelagem
e Debuxo… mas, qual “intruso”, cabia-me fazer o papel tipo “Crónica dos Bons
Malandros”, de Mário Zambujal, já que eu era do Curso Geral do Comércio, e,
desta vertente, fui o único presente na confraternização, participando também da
felicidade dos outros antigos colegas.
- “Trouxeste a máquina
fotográfica?” Logo na minha receção, a voz do Gregório Menina, que isto de
ajudar na entrada lá estava o João Lázaro, o pequeno grande jogador dos tempos
dos Leões da Serra… que outro, também tendo envergado a camisola verde-branca,
briosamente, estava lá dentro – Jorge Cipriano, vindo do norte.
Os cumprimentos na mistura de alguma
curiosidade lá
prosseguiam: à entrada, sentado já estava o poeta, escritor, mas antes o antigo
professor de debuxo, junto de sua filha Maria Alberta; e, com orgulho do seu
professor, o Américo Maceiras Caetano, promotor da iniciativa, que veio de Vila
Nova de Famalicão, lhe mostrava o seu 1º. Livro de Debuxo.
- “Olha o Aníbal
Gonçalves, do Retaxo!” “E tu, quês és?” “O Neto”. “Eh! Pá, desculpa que não te
conhecia, és o Olívio Costa Neto!”
As entradas, o bom vinho da região… e, não faltou o belíssimo
pão-de-ló.
José Esteves Patrocínio veio de Torres Vedras; e, enquanto o
Ferreira Andrade me mostrava umas fotos antigas, de antigos colegas do 2.º ano
do Curso Técnico de Tecelagem, em conversa com o Jorge Almeida, entrava o
também antigo professor, Engº. César Oliveira, que fôra colega do homenageado.
João José Milhano recordava os tempos de meu vizinho, junto
à Escola Industrial, e, sequenciando, chegavam outros, ou já entre si
cavaqueavam, entre eles, o Cravino, Carlos Gouveia, Jerónimo Serra, António
Nave, João António Coelho.
Já havia chegado o Rui Pereira, com o filho, quando se
avista o Jorge Trindade e o Castro Martins; da Figueira da Foz não quis deixar
de estar presente o Jorge Correia, acompanhado da esposa. Eram mais de três
dezenas, onde estava também o Mangana e o Prof. Dr. Santos Silva.
Na altura do café, eis que o José Rosa Dias, da organização,
dita de sua justiça: vão falar, em nome dos antigos alunos, o Américo Maceiras
Caetano; em nome dos antigos professores, o Engº. César Oliveira; e encerra o
Engº Ernesto Melo e Castro.
Neste feliz encontro de antigos alunos do curso de Debuxo da
Escola Industrial da Covilhã, como abreviadamente era conhecida, com os seus
antigos professores de Debuxo, atrás referidos, num almoço muito bem servido, a
festa foi permanente, na recordação de tempos idos, no matar de saudades.
Maceiras Caetano agradeceu a presença de todos; o Engº.
César Oliveira recordou a sua passagem por Bradford na mesma altura do Engº.
Ernesto Melo e Castro, em 1956, altura em que conheceu Ernesto Melo e Castro, tendo
este o ajudado a adaptar-se à nova realidade, uma vez que havia vários alunos
da Covilhã e ele ere o único de Lisboa.
No encerramento das breves palavras dos oradores, falou o
Engº. Ernesto Manuel Geraldes de Melo e Castro (que vai a Itália participar num
encontro de poetas), informando que, estando no Brasil, ficou muito
sensibilizado por ter sido convidado para este almoço de confraternização,
recordando que no período que exerceu a sua missão docente na Escola Campos
Melo formou 143 debuxadores, também ele tendo aprendido ao longo desse tempo a
ser cada vez melhor, tanto na área do debuxo como na área das letras: “Estava deprimido face a um grave problema
de saúde, e dizia: o que é que eu agora faço? Vou ao Teixoso estar com os meus
amigos. Vocês não foram os meus únicos alunos, foram os primeiros!” E
falando sobre os tecidos, que têm vida, concluiu: “O tecido é uma metáfora da vida”.
Recordou ainda, nestes ambientes de repasto, o que dizia o
professor “Tudo estava muito bom, mas o melhor prato
foi o da confraternização”.
de Religião e Moral, Padre Joaquim Santos Morgadinho, do seu tempo:
Por fim terminou: “Orgulho-me
de ter sido vosso professor! Estou muito feliz!”
E, de facto, também todos saíram deste convívio, muito
alegres, muito felizes.
(In "fórum Covilhã", de 23.06.2015 e "Notícias da Covilhã", de 25.06.2015)
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