5 de junho de 2023

BILDERBERG – OS PODEROSOS

 

O que é afinal o Clube de Bilderberg? Segundo várias fontes, também é designado por Grupo Bilderberg, Conferência de Bilderberg ou Reuniões de Bilderberg. É uma conferência anual privada estabelecida em 1954 para cerca de 150 especialistas em indústria, finanças, educação e meios de comunicação que fazem parte da elite política e económica da Europa e da América.

A primeira conferência foi realizada no Hotel de Bilderberg, em Oosterbeek, Países Baixos, de 29 a 31 de maio de 1954. O encontro foi iniciado por várias pessoas, entre elas o político polaco exilado, Józef Retinger. Este estava preocupado com o crescimento do antiamericanismo na Europa Ocidental. Propôs então uma conferência internacional em que líderes de países europeus e dos Estados Unidos se reuniriam com o objetivo de promover o atlantismo, bem como a cooperação entre as culturas norte-americana e europeia em matéria de política, economia e questões de defesa.

Pois bem, a lista de convidados para estas conferências ou reuniões teria de ser formada através do convite de dois participantes de cada nação. Cada um representaria os pontos de vista “conservador” e “liberal”.

Logo na primeira Conferência de Bilderberg participaram cinquenta delegados de onze países da Europa Ocidental além de onze dos Estados Unidos. O sucesso do encontro fez com que os organizadores criassem uma conferência anual. Retinger foi então nomeado secretário permanente. Na organização da conferência, o comité diretivo manteve um registo dos nomes dos participantes e detalhes de contacto. Pretendeu-se assim criar uma rede informal de indivíduos que se poderiam comunicar de maneira privada. As conferências foram então realizadas na França, Alemanha e Dinamarca, nos três primeiros anos, e, em 1957, nos Estados Unidos.

A meta original do grupo era a de promover o atlantismo, como já foi referido, de reforçar as relações entre os Estados Unidos e a Europa e prevenir que outra guerra mundial acontecesse.

Em 2001, Denis Healey, um dos fundadores do grupo dizia: “Nós no Bilderberg sentimos que não poderíamos continuar a estabelecer conflitos uns contra os outros por nada, ao matar pessoas e criar milhões de desabrigados”. Já em 2011, o ex-presidente Étienne Davignon referia que “uma grande atração das reuniões do grupo de Bilderberg é que elas fornecem uma oportunidade para que os participantes falem e debatam abertamente e descubram o que as principais figuras mundiais realmente acham sem o risco de que comentários descontextualizados sejam usados pela mídia para a criação de controvérsias”.

Bom, mas o grupo não deixa de ser envolvido em críticas. Em parte por causa dos seus métodos de trabalho para garantir a estrita privacidade. Tem sido criticado “por falta de transparência e prestação de contas. Alguns da esquerda acusam o grupo de Bilderberg de conspirar para impor a dominação capitalista. Entretanto, alguns à direita acusam o grupo de conspirar para impor um governo mundial e uma economia planificada”.

O encontro exclusivo de Bilderberg começou este ano no dia 18 de maio em Lisboa. Entre os participantes, segundo a Lusa, esteve o secretário-geral da NATO, a presidente do Parlamento Europeu e os chefes da diplomacia ucraniana e europeia. Decorreu à porta fechada e sem cobertura jornalística, num local não especificado pelos organizadores.

Na altura em que escrevo estas linhas, existe a informação de que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa vão marcar presença na reunião. Será, inclusive, oferecido um jantar pelo presidente da República aos 130 membros que este ano se reunirão no 69º encontro desde a fundação do grupo, como já vimos, em 1954, proveniente de 23 países, incluindo Portugal.  Prevista uma homenagem especial a Henry Kissinger, ex-secretário de Estado americano que faz neste mês de maio 100 anos e que estará presente no encontro.

Entre os temas em debate constam as ameaças transacionais, a Ucrânia, a Rússia, a China, a Europa, a Índia e a liderança dos Estados Unidos. A Inteligência Artificial, a transição energética, a política industrial e comércio, os desafios fiscais e o sistema bancário são outros dos tópicos da agenda do encontro.

Na lista dos participantes divulgada pelo clube Bilderberg constam alguns nomes portugueses, incluindo José Manuel Durão Barroso e Francisco Pinto Balsemão.

Ao longo dos anos, vários portugueses passaram por estes encontros: além dos já referidos, também António Coata, Jorge Sampaio, Vítor Constâncio, António Guterres, Pedro Santana Lopes, José Sócrates, António José Seguro, Paulo Portas, Fernando Medina ou Maria Luís Albuquerque.

Em junho de 1999, Sintra recebeu uma reunião do Grupo Bilderberg. A última edição desta reunião decorreu em Washington em junho passado.

Bilderberg é o encontro mais secreto do mundo e muitas vezes é associado a teorias da conspiração, o grupo, como vimos, reúne algumas das pessoas mais influentes do mundo para debater temas relacionados com a política e a economia mundial. Para 2023, esses nomes graúdos cá surgiram, de jato e em voos comerciais. Eles são empresários, governantes, lobistas e outros artistas, juntando-se de 19 a 21, no hotel Pestana Palace, no discreto Alto de Santo Amaro, em Alcântara, segundo informação do Tal & Qual. Regista-se, no entanto que estiveram a ser preparadas manifestações junto ao hotel e na zona de Belém por ativistas que criticam a falta de transparência destes encontros, cujas decisões, diz-se, influenciam os destinos mundiais da política e da finança.

João de Jesus Nunes

jjnunes6200@gmail.com

(In “O Olhanense”, de 01-06-2023)

 


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