O que é afinal o Clube de
Bilderberg? Segundo várias fontes, também é designado por Grupo Bilderberg,
Conferência de Bilderberg ou Reuniões de Bilderberg. É uma conferência anual
privada estabelecida em 1954 para cerca de 150 especialistas em indústria,
finanças, educação e meios de comunicação que fazem parte da elite política e
económica da Europa e da América.
A primeira conferência foi
realizada no Hotel de Bilderberg, em Oosterbeek, Países Baixos, de 29 a 31 de
maio de 1954. O encontro foi iniciado por várias pessoas, entre elas o político
polaco exilado, Józef Retinger. Este estava preocupado com o crescimento do
antiamericanismo na Europa Ocidental. Propôs então uma conferência
internacional em que líderes de países europeus e dos Estados Unidos se
reuniriam com o objetivo de promover o atlantismo, bem como a cooperação entre
as culturas norte-americana e europeia em matéria de política, economia e questões
de defesa.
Pois bem, a lista de convidados
para estas conferências ou reuniões teria de ser formada através do convite de
dois participantes de cada nação. Cada um representaria os pontos de vista “conservador”
e “liberal”.
Logo na primeira Conferência de
Bilderberg participaram cinquenta delegados de onze países da Europa Ocidental
além de onze dos Estados Unidos. O sucesso do encontro fez com que os
organizadores criassem uma conferência anual. Retinger foi então nomeado
secretário permanente. Na organização da conferência, o comité diretivo manteve
um registo dos nomes dos participantes e detalhes de contacto. Pretendeu-se
assim criar uma rede informal de indivíduos que se poderiam comunicar de
maneira privada. As conferências foram então realizadas na França, Alemanha e
Dinamarca, nos três primeiros anos, e, em 1957, nos Estados Unidos.
A meta original do grupo era a de
promover o atlantismo, como já foi referido, de reforçar as relações entre os
Estados Unidos e a Europa e prevenir que outra guerra mundial acontecesse.
Em 2001, Denis Healey, um dos
fundadores do grupo dizia: “Nós no Bilderberg sentimos que não poderíamos
continuar a estabelecer conflitos uns contra os outros por nada, ao matar
pessoas e criar milhões de desabrigados”. Já em 2011, o ex-presidente Étienne
Davignon referia que “uma grande atração das reuniões do grupo de Bilderberg é
que elas fornecem uma oportunidade para que os participantes falem e debatam
abertamente e descubram o que as principais figuras mundiais realmente acham sem
o risco de que comentários descontextualizados sejam usados pela mídia para a
criação de controvérsias”.
Bom, mas o grupo não deixa de ser
envolvido em críticas. Em parte por causa dos seus métodos de trabalho para
garantir a estrita privacidade. Tem sido criticado “por falta de transparência
e prestação de contas. Alguns da esquerda acusam o grupo de Bilderberg de
conspirar para impor a dominação capitalista. Entretanto, alguns à direita
acusam o grupo de conspirar para impor um governo mundial e uma economia
planificada”.
O encontro exclusivo de
Bilderberg começou este ano no dia 18 de maio em Lisboa. Entre os
participantes, segundo a Lusa, esteve o secretário-geral da NATO, a presidente
do Parlamento Europeu e os chefes da diplomacia ucraniana e europeia. Decorreu
à porta fechada e sem cobertura jornalística, num local não especificado pelos
organizadores.
Na altura em que escrevo estas
linhas, existe a informação de que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa vão
marcar presença na reunião. Será, inclusive, oferecido um jantar pelo
presidente da República aos 130 membros que este ano se reunirão no 69º
encontro desde a fundação do grupo, como já vimos, em 1954, proveniente de 23
países, incluindo Portugal. Prevista uma
homenagem especial a Henry Kissinger, ex-secretário de Estado americano que faz
neste mês de maio 100 anos e que estará presente no encontro.
Entre os temas em debate constam
as ameaças transacionais, a Ucrânia, a Rússia, a China, a Europa, a Índia e a
liderança dos Estados Unidos. A Inteligência Artificial, a transição
energética, a política industrial e comércio, os desafios fiscais e o sistema
bancário são outros dos tópicos da agenda do encontro.
Na lista dos participantes
divulgada pelo clube Bilderberg constam alguns nomes portugueses, incluindo
José Manuel Durão Barroso e Francisco Pinto Balsemão.
Ao longo dos anos, vários
portugueses passaram por estes encontros: além dos já referidos, também António
Coata, Jorge Sampaio, Vítor Constâncio, António Guterres, Pedro Santana Lopes,
José Sócrates, António José Seguro, Paulo Portas, Fernando Medina ou Maria Luís
Albuquerque.
Em junho de 1999, Sintra recebeu
uma reunião do Grupo Bilderberg. A última edição desta reunião decorreu em
Washington em junho passado.
Bilderberg é o encontro mais
secreto do mundo e muitas vezes é associado a teorias da conspiração, o grupo,
como vimos, reúne algumas das pessoas mais influentes do mundo para debater
temas relacionados com a política e a economia mundial. Para 2023, esses nomes
graúdos cá surgiram, de jato e em voos comerciais. Eles são empresários,
governantes, lobistas e outros artistas, juntando-se de 19 a 21, no hotel
Pestana Palace, no discreto Alto de Santo Amaro, em Alcântara, segundo
informação do Tal & Qual.
Regista-se, no entanto que estiveram a ser preparadas manifestações junto ao
hotel e na zona de Belém por ativistas que criticam a falta de transparência
destes encontros, cujas decisões, diz-se, influenciam os destinos mundiais da
política e da finança.
João de Jesus Nunes
(In “O Olhanense”, de 01-06-2023)
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