Dia 20 de julho do ano da
graça de 1971. Finalmente, passava à história para mim o serviço militar
obrigatório no RI 12, na Guarda. Ainda cheguei a escrever no seu jornal
“Fronteiros da Beira”. Amigos, não foram só antigos camaradas. Outros se
juntaram. Com eles confraternizava fora dos
muros daquela Unidade. Nos vários cafés, como “A Madrilena” (onde se encontrava
empregado o Vitor, então guarda-redes da
Desportiva da Guarda), no “Caçador”, perto do quartel (que em 25 de julho de 1985
se transformou em restaurante marisqueira), no “Café Estrela do Bonfim” (onde
uma vez fui ver o Festival Eurovisão da Canção, a preto e branco...), n’”O
Monteneve” (conhecido como café dos doutores), n’“A Cristal”, ou nos mais
populares para além da já referida “A Madrilena”, como “O Mondego”. E em
encontros nas ruas da Cidade. E no velho Cinema.
No RI 12 ainda tentei
integrar-me na Voz do Doze. Entretanto, tinha casado. Pretendia, assim, sempre
que possível, ir para a Covilhã. Deslocava-me
algumas vezes de boleia porquanto o autocarro que fazia o transporte diário
Guarda - Covilhã, partia cedo em relação às horas de saída do quartel. Era a JOALTO – José de Almeida Tonico.
A “VOZ DO DOZE” era um
programa radiofónico, militar, bissemanal, do Regimento de Infantaria nº. 12,
produzido pelo Centro Informativo. “Pretendia ser ligação de amizade entre
militares e civis e levar uma Mensagem de Confiança e União, baseado sempre no
seu lema ‘FIRMES COMO ROCHAS’”. “A VOZ DO DOZE” orgulhava-se de ter sido o 2º.
Programa Militar difundido então na Metrópole (ainda não tinha surgido o 25 de
Abril). O primeiro era o da Escola Prática de Cavalaria, transmitido pela Rádio
Ribatejo, segundo foi afirmado no “Fronteiros da Beira”, nº 8, de junho de 1971.
Ainda que não contestando esta
asserção, o que é certo e verdade é que em 1968, em Tavira, no CISMI, existia a
“RÁDIO CISMI”. Talvez tivesse sido emanada exclusivamente dentro daquela
Unidade Militar. Recordo-me ter ali ouvido, já sem grande surpresa, a morte do
senador dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy. Foi assassinado no dia 5 de
junho de 1968.
Voltando à VOZ DO DOZE”, ia
para o ar, todas as 4ªs. feiras, pelas 18 horas; e sábados pelas 11,30 h. Gentileza
da RÁDIO ALTITUDE. Com agrado dos militares e da população civil, para além da
egitaniense. Dava-se relevo à vida da altura, antes da independência das
colónias portuguesas. E também assuntos relacionados com as cerimónias na
vertente da História de Portugal e vida da Unidade. Musicalmente, tinham sempre
preocupação em apresentar as últimas novidades musicais nacionais e
estrangeiras. Equipa responsável pelo programa: Comandante Interino, Major de
Infantaria Casimiro Dias Morgado, Tenente Miliciano João Manuel Pais Trabulo
(hoje Coronel na reserva), Alferes Miliciano António Manuel Pereira, entretanto
já falecido e que era um dos meus amigos, e o 1º Cabo dos Serviços Religiosos,
Leitão, de Manteigas, um outro amigo. Maria José era quem fazia a locução deste
programa e Emílio Aragonez, responsável musical, na Rádio Altitude.
Entre os camaradas daquele
final dos anos sessenta e início dos anos setenta, do século passado: várias
vedetas do futebol covilhanense, Eduardo Prata e António Fazenda. E outros que
a memória já rejeitou. Um deles, o Virgílio (já falecido) e o Feliciano, que da
Desportiva da Guarda depois saltaram para o Gouveia e a Riopele, respetivamente,
que chegou a militar a I Divisão Nacional.
Com o camarada e antigo colega
na Escola Industrial e Comercial Campos Melo da Covilhã, António José Bicho
Nogueira (radicado no Canadá), todos os dias rumávamos para a Covilhã no seu
FIAT 600, juntamente com o Eduardo Prata e o Nuno Rato, do Teixoso.
Para terminar: Os meus parabéns
ao semanário mais antigo da região – o Jornal “A GUARDA”, pelos seus 119 anos
celebrados em maio de 2023. Só passados 42 anos eu veria a luz do dia e
volvidos 67 saía o extinto boletim a que me refiro nesta crónica.
João de Jesus Nunes
jjnunes6200@gmail.com
(In Semanário “A GUARDA”, de
01-06-2023)
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